Carnaval Antrp 3
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INTRODUÇÃOO desfile carnavalesco tem sido interpretado por uma ótica que opõe uma origem autentica e genuinamente popular a uma descaracterização trazida pelo desenrolar do tempo. Por trás do espetáculo do desfile, a crescente mercantilização de seu processo e participação de outros segmentos sociais, a “pureza” originaria das escolas se desmantelaria, numa perspectiva romantizada da cultura popular que abriga uma nostalgia de uma totalidade integrada da vida com o mundo, que seria rompida pela época moderna. Apesar desta ameaça iminente de autenticidade trazida a tona por essa perspectiva, que argumenta em torno da degradação das tradições, do seu desaparecimento diante do acelerado processo de transformação social trazido pela expansão do capitalismo, o desfile das escolas de samba no carnaval parece sobreviver a sua maneira. A pesquisa antropológica que compõe o livro ‘’Carnaval Carioca: Dos bastidores ao desfile” de Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, demonstra esta sobrevivência do ritual do espetáculo anual na Marques de Sapucaí, desde os seus primórdios mais ‘’puros’’ até o tempo presente, já descaracterizando a visão romântica da festa carnavalesca na medida em que demonstra a sua pluralidade e dinamismo como cultura popular essencialmente diversa. A própria comercialização da cultura popular já é fato antigo, no entanto, isto não significa necessariamente ruptura com uma tradição. Ao condenar a passagem do tempo e o curso de uma evolução histórica, desconsiderando qualquer noção de mediação, essa concepção romântica é hoje insustentável. A partir deste contexto, interessa analisar então a interação entre os grupos e culturas ao invés da constituição de fronteiras entre eles. Desta forma, a expansão da base social das escolas de samba, a comercialização do desfile, a predominância estética de seus aspectos visuais e o mecenato do jogo do bicho emergem como aspectos cruciais, reveladores das redes de reciprocidade e