Carmem de saura: entre as potências da realidade, paixão e política
Carlos Saura, na sua versão de Carmen, famosa ópera de Bizet, buscou fazer não uma filmagem de uma performance de dança, mas uma narrativa aonde a atuação e a dança se mesclam como se fossem uma única linguagem expressiva, a fim de exaltar o processo de praparação dessa performance. Assim, seguindo uma tendência “evolutiva” do cinema, que a partir do final da década de 1930, como afirma o crítico André Bazin, vivenciou uma elminação dos determinismos técnicos enquanto critério de avaliação/criação no cinema, e a partir daí “é preciso então procurar noutra parte os sinais e os princípios da evolução da linguagem” (Bazin, 1955), fato que liberou os cineastas para escrever “diretamente em cinema” (Bazin, 1955). A partir desta idéia podemos afirmar que Saura, ao desenvolver esta trama aonde dança e atuação “teatral” contam a mesma história dentro do mesmo “ambiente artístico” (cinema), escreveu diretamente em metalinguagem. Em Expressão Dionisíaca.
Nietzsche quando diz “Eu só poderia acreditar em um Deus que soubesse dançar” (Nietzsche, 2006) já nos direciona filosóficamente, estéticamente, a uma visão dionisíaca do mundo. E o que encontramos em Saura, não só em Carmen, é essa exaltação da expressão do espírito livre. Fantasia, realidade, paixão, violência, dança, se mesclam criando uma via estética única de esplendor do movimento corporal, e da linguagem falada. Não é, portanto, uma obra racional, é uma obra de potência, de vigor. Nietzsche mesmo afirmou, após assistir na França a ópera Carmen, afirmou que ela conseguia traduzir com sinceridade a alma humana, a paixão a violência, e a vida. A dança que Nietzsche nos apresenta era uma manifestação, do instinto, do espírito e não da mente racional do seguidores de Sócrates.
“Dei a entender de que modo Sócrates fascina; parece um médico, um salvador. Será preciso mostrar o erro que sua crença na “razão a todo curso” continha? Enganam-se a si mesmo os moralistas e os filósofos ao imaginarem não sair da