Carlota Joaquina-A Princesa do Brasil
Maringá - 2004
ISBN 85-903587-1-2
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Carlota Joaquina na historiografia latino-americana
Francisca Nogueira de Azevedo
I- Introdução
Carlota Joaquina de Bourbon e Bragança, mulher de D. João VI, é talvez a mais desconhecida e contraditória personagem de nossa história. Apesar de popularizada no filme “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil”, dirigido por Carla Camurati em 1995, e no seriado “Nos Quintos do Inferno”, da TV Globo, os autores das duas produções reproduzem imagens estereotipadas da “Princesa do Brasil” forjada pela produção historiográfica luso-brasileira, que sem dúvida é responsável pela construção da memória coletiva da personagem.
O historiador Marc Bloch ressalta que “para que um erro de uma testemunha se torne o de muitos homens, para que uma má observação se transforme num falso rumor, é preciso também que o estado da sociedade favoreça tal difusão”1 . Seguindo as trilhas do historiador torna-se imprescindível inserir Carlota Joaquina em seu tempo afim de observar as referências culturais e éticas que marcam o Antigo Regime, como também, o tempo histórico da produção de sua memória. Sendo assim, o objetivo principal deste texto é conduzir algumas reflexões sobre as razões que determinaram a elaboração da
“lenda negra” que marca a memória social de Carlota Joaquina.
II- Carlota Joaquina: imagens historiográficas
Para situar Carlota Joaquina no campo da produção historiográfica latino - americana, decidimos por uma seleção de autores de reconhecida importância na formação do pensamento intelectual e acadêmico da América Latina. Em virtude do âmbito deste texto, além das biografias, optamos por analisar apenas a historiografia
Professora Adjunta de História da América do Departamento de História e do Programa de Pós-
Graduação em História Social da UFRJ.
1 BLOCH, Marc. Introdução à História. 5° edição. Mira-Sintra: Publicações Europa-América, s/d. pág.
84.
Anais