Caramuru, de Frei de Santa Rita Durão
O poema Caramuru narra o descobrimento da Bahia, o naufrágio de Diogo Álvares Correia e seus amores com as índias, sobretudo com Paraguaçu. O material é amplo: tem desde fatos da história do Brasil, o temperamento indígena, até lendas.
A narrativa é enriquecida com referência a fatos históricos desde o Descobrimento até a época do autor, dando-se grande relevo também à matéria descritiva e informativa. Caramuru é a primeira obra a ter como tema o habitante nativo do Brasil.
Estilo
Santa Rita Durão penetra na vida do índio com intento analítico diferente do devaneio lírico dos contemporâneos. A fantasia a que se abandona é com efeito precedida pela descrição dos costumes, das técnicas, dos ritos, tão exata quanto possível no seu tempo.
Numa camada mais profunda que o nativismo e o indianismo, o que verdadeiramente anima a epopéia do frade mineiro é a sua visão do mundo, ou seja, a inspiração religiosa (religião como ideologia). Esta consiste em justificar e louvar a colonização como empresa religiosa desinteressada, trazendo a catequese para o primeiro plano e com ela cobrindo os aspectos materiais básicos. A visão laica e civil do Uraguai e dos poemas satíricos é aqui banida, fazendo do Caramuru o antagonista ideológico da melhor linha mental na literatura comum.
Personagens
Diogo Álvares Correia - o Caramuru
Paraguaçu - filha do cacique Taparica
Gupeva e Sergipe - chefes indígenas
Moema - índia amante de Diogo.
Enredo e estrutura da obra
Caramuru tem os elementos tradicionais do gênero épico: duros trabalhos de um herói, contato de gentes diversas, visão de uma seqüência histórica.
É composto de dez cantos e, de acordo com o gênero, divide-se em cinco partes: proposição, invocação, dedicação, narração e epílogo, e segue o esquema camoniano, usando a oitava-rima, observando a divisão tradicional em proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Uso da linguagem mitológica e do maravilhoso pagão e