Capitalismo, capital fictício e crise: os outros e portugal
● Por CARLOS PIMENTA *
Capitalismo, capital fictício e crise: os outros e Portugal
A economia paralela, central à financeirização da economia que nos levou à presente crise do capitalismo, assume várias formas, que vão da economia subterrânea à que é simplesmente ilegal. Hoje é mais perceptível para os cidadãos o papel desempenhado pela fraude e pela miscigenação do legal e do ilegal, bem como a necessidade de proceder à regulação, a auditorias e a um verdadeiro escrutínio do sistema capitalista. Mas as medidas políticas que deveriam combater a crise ignoram amplamente estas realidades e contribuem para aprofundar a recessão, a exploração do trabalho e as desigualdades, estimulando a crescente apropriação das grandes empresas e dos rentistas. destruição de crédito e moeda, gerando escassez desta. A reprodução da formação económico-social existente exige uma estratégia de longo prazo, mas a «pressão» do negócio e da concorrência orienta quase todas as instituições dos Estados Unidos e da Europa para o curto prazo: apresentar resultados favoráveis no fim do trimestre ou do ano, nem que para tal seja necessário aplicar «contabilidade criativa». Indexar os prémios da administração a esses resultados. Fazer políticas tendo como referência os períodos eleitorais, mesmo que tal provoque descontinuidade das políticas e rupturas no tecido produtivo. O «mundo ocidental» corre atrás do tempo, enquanto a «paciência chinesa» vai acumulando produção e adquirindo a dívida pública mundial. A economia paralela é a outra face da financeirização da economia. Nesta assume particular importância a economia subterrânea (actividades que se furtam às obrigações fiscais e parafiscais) e a economia ilegal (pelo seu objecto ou métodos). Os «vasos comunicantes» entre as actividades legais em Bolsa e a origem ilícita dos fundos, entre muitos tre bancos, Bolsa, seguradoras e empresas de notação (rating), é o funcionamento «normal» da Bolsa como