Cap
Cláudio Laks Eizirik
Zelig Libermann
Flávia Costa
A relação terapêutica é o veículo por meio do qual se processam os tratamentos psicoterápicos. O destino de cada psicoterapia resulta das características pessoais do paciente e do terapeuta, das reedições de vivências passadas que ambos trazem para a situação presente e da interação desses elementos com a relação atual, única e particular, que eles estabelecem entre si. Dessa forma, pode-se compreender a complexidade que envolvem uma relação compostas de tantos fatores que se superpõem, sucedem, complementam ou antagonizam. Para efeitos de sistematização, este capítulo considerará, separadamente, a transferência, a contratransferência, a aliança terapêutica e a relação real. Deve-se ter em mente, contudo, que esses quatro conceitos devem ser considerado em conjunto, procurando-se atentar para o predomínio de um ou de outro, ou para o seu funcionamento conjunto, em cada situação ou período do tratamento, para que se possa ter uma idéia mas clara e abrangente da relação terapêutica.
Transferência
Conceito
O fenômeno de transferir para pessoas e situações do presente aspectos da vida psíquica ligados a pessoas e situações do passado é comum na vida dos indivíduos. Porém, desde que Freud relatou-o, em seu trabalho de 1905, Fragmento da Análise de um Caso de História (mais conhecido como o caso Dora), o termo “transferência” passou a indicar a presença desse fato na relação terapêutica.
De acordo com a definição do autor, transferências são reedições, reduções, das reações e fantasias que durante, o avanço da análise, costumam despertar-se e tornar-se conscientes, mas com a característica (própria do gênero) de substituir uma pessoa anterior pela pessoa do médico. Dito de outra maneira toda uma série de experiências psíquicas prévias é revivida, não como algo do passado, mas como um vínculo atual com a pessoa do médico. Algumas