Cap Tulo IX O Papel De Espelho Da M E E Da Fam Lia No Desenvolvimento Infantil
No desenvolvimento emocional individual, o precursor do espelho é o rosto da mãe. Desejo referir-me ao aspecto normal disso e também à sua psicopatologia. Sem dúvida, o artigo de Jacques Lacan, ‘Le Stade du Miroir’ (1949), me influenciou. Ele se refere ao uso do espelho no desenvolvimento do ego de cada indivíduo. Lacan, porém, não pensa no espelho em termos do rosto da mãe do modo como desejo fazer aqui. Refiro-me apenas aos bebês que têm visão. A aplicação mais ampla da idéia, para abranger bebês com visão deficiente, ou sem visão, deve ser deixada de lado até que seja enunciado o tema principal. O enunciado puro é este: nas primeiras fases do desenvolvimento emocional do bebê humano, um papel vital é desempenhado pelo meio ambiente, que, de fato, o bebê ainda não separou de si mesmo. Gradativamente, a separação entre o não-eu e o eu se efetua, e o ritmo dela varia de acordo com o bebê e com o meio ambiente. As modificações principais reali- zam-se quanto à separação da mãe como aspecto ambiental objetivamente percebido. Se ninguém ali está para ser mãe, a tarefa desenvolvimental do bebê torna-se infinitamente com plicada. Permitam-me simplificar a função ambiental e afirmar su- cintamente que ela envolve:
1. o segurar;
2. o manejar;
3. a apresentação de objetos. O bebê pode reagir a essas provisões ambientais, mas o resultado, nele, é uma maturação pessoal máxima. Pela palavra
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‘maturação’, nessa fase, pretendo incluir os diversos significados da palavra ‘integração’, bem como o inter-relacionamento psi- cossomático e a relação de objeto. Um bebê é segurado, satisfatoriamente manejado e, isso aceito, é-lhe apresentado um objeto de tal modo, que sua experiência legítima de onipotência não seja violada. O resultado pode ser que o bebê seja capaz de usar o objeto e sentir-se como se esse objeto fosse um objeto subjetivo, criado por ele. Tudo isso é próprio do início, e