Cap tulo 13 Resenha
Eduardo Modiano
Os Planos Cruzado, Bresser e Verão não produziram mais do que um represamento temporário da inflação, uma vez que: i) não foram solucionados quaisquer dos conflitos distributivos de renda ou atacados os desequilíbrios estruturais da economia, que poderiam ser considerados focos de pressão inflacionária a médio prazo; ii) o desequilíbrio das contas do governo se agravou; iii) a política monetária foi predominantemente acomodatícia; iv) o setor empresarial passou a se defender com maior presteza e eficácia de quaisquer defasagens dos preços em relação aos custos; e v) os trabalhadores manifestaram com veemência crescente sua insatisfação quanto ao poder de compra dos salários. Assim, restou apenas ao governo promover desindexações e, em seguida, administrar as inevitáveis acelerações da inflação.
A desaceleração do crescimento na década de 80 foi comandada pela indústria - cujo produto real cresceu apenas 1,8% a.a. entre 1980 e 1988. Por este motivo, a década de 80 poder ser caracterizada como uma “década perdida”.
Um dos principais empecilhos para a retomada de uma taxa de investimento que garantisse um crescimento autossustentado do produto da ordem de 6% a.a. decorre da insuficiência de poupança para seu financiamento.
A política econômica brasileira concentrou-se no combate à inflação: os planos de estabilização ortodoxa, adotados no período de 1981-84, promoveram o ajustamento externo da economia, mas não conseguiram evitar a escalada inflacionária. Assim, fazia-se necessário priorizar a desindexação da economia, o que produziria uma queda mais rápida da inflação do que a contração da demanda agregada. Este capítulo analisa as diversas políticas de combate à inflação adotadas no período 1985-89.
A Nova República instalou-se em março de 1985 e o novo governo deu início à gestão da política econômica com anúncio apenas de medidas de austeridade fiscal e monetária.
Um congelamento de preços foi