Cap escravos
Machado de Assis Historiador
Natália de Santanna Guerellus1
As alusões históricas presentes na obra de Machado de Assis já vem sendo estudadas há pelo menos vinte anos por autores como John Gledson e Roberto Shwarz. Baseado nestes autores e aliado ao material mais recente acerca da historiografia sobre a escravidão no Brasil, Sidney Chalhoub propõe uma nova interpretação de
Machado de Assis e do período em que o paternalismo atingiu o ápice da crise.
Apesar de ser conhecido como historiador da escravidão e da vida operária do Rio de Janeiro de fins do século XIX, Chalhoub aventurou-se pela crítica literária, utilizando-se da obra machadiana para elucidar o processo da emancipação dos escravos em fins do Império. No entanto, sua pesquisa não parou por aí, passando a utilizar-se das idéias políticas e sociais do romancista para complementar o retrato social e crítico do país.
De fato, alem de contos e romances, Joaquim Maria Machado de Assis assinou uma quantidade considerável de pareceres e relatórios ministeriais, durante a ocupação do cargo de chefe da segunda seção da
Secretaria de Estado dos Negócios d’Agricultura. Sua opinião acerca da escravidão, assunto indispensável nas discussões ministeriais da época, foi descrita por Chalhoub especialmente na segunda parte do livro e de modo a compará-la com demais políticos influentes no Conselho do Estado.
Num primeiro momento, a crítica feita por Chalhoub a alguns romances machadianos, procurou apoiar-se nas críticas já realizadas por Gledson e Shwarz, mas questionando também estes autores. E foi assim que a interpretação de obras como Helena, Memórias Póstumas e Iaiá Garcia conduziram o historiador à identificação de três classes, ou duas de forma simplificada: os senhores e os dependentes e escravos.
Através dessa divisão, Chalhoub conseguiu elucidar sua opinião sobre a forma machadiana de descrever
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