Cantigas De Escárnio
Nessa cantiga, o eu – lírico, faz uma crítica (sátira) indireta e com duplos sentidos a alguém. Para os trovadores fazerem uma cantiga de escárnio, ele precisa compor uma cantiga falando mal de alguém, ou seja, fazendo uma critica a alguma pessoa, através de palavras de duplo sentido, ou seja, através de ambigüidades, trocadilhos e jogos semânticos, através de um processo denominado pelos trovadores equívoco.
Essa cantiga é capaz de estimular a imaginação do autor, sugerindo-lhe uma nova expressão irônica.
Vejamos um exemplo de cantiga de escárnio:
Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia!…
Trovadorismo - Cantigas de Escárnio
As cantigas trovadorescas surgiram na Idade Média entre os séculos XII e XIII, como as primeiras manifestações literárias portuguesas. Essas cantigas tinham entre seus objetivos examinar as tensões políticas e sociais das sociedades medievais através da prática e poesia dos trovadores galego-portugueses. A partir daí, foram desenvolvidos gêneros que traduzissem as mais diversas formas de expressões da sociedade da época, desde o alto clero até o camponês, enlaçando-os a diferentes categorias sociais como produtores do discurso. Essas cantigas eram classificadas em Cantigas de amigo, Cantigas de amor, Cantigas de escárnio e Cantigas de Maldizer.
A cantiga de Escárnio, que será analisada neste trabalho, é um gênero da poesia da Idade Média cuja função é criticar, satirizar uma pessoa real, próxima ou do mesmo círculo social do trovador. Utiliza sátiras indiretas para atingir a pessoa satirizada. Faz-se o uso de ironias e expressões de duplo sentido, e o objeto de escárnio nunca é identificado.
Deste modo, o presente trabalho visa ressaltar a importância das cantigas de escárnio como um produto linguístico que também marcou a fase inicial documentada do