Cantigas de amor, amizade, escarnio e maldizer
Eu-lirico masculino; cantiga lamentativa; amor platônico, mulher inatingível ou por ser casada ou de classe superior ao trovador; altamente respeitosa, idealiza a mulher.
Conheço certo homem, ai formosa,
Que por vossa causa vê chegada a sua morte;
Vede quem é e lembrai-vos disso;
Eu, minha senhora.
Conheço certo homem que perto sente
De si a morte chegada certamente;
Vede quem é e tende-o em mente;
Eu, minha senhora.
Conheço certo homem, escutai isto:
Que por vós morre e vós desejais que ele parta;
Vede quem é e não vos esqueçais dele;
Eu, minha senhora.
Senhora minha, desde que vos vi, lutei para ocultar esta paixão que me tomou inteiro o coração; mas não o posso mais e decidi que saibam todos o meu grande amor, a tristeza que tenho, a imensa dor que sofro desde o dia em que vos vi.
Cantiga de amigo:
São mais espontâneas e menos elaboradas. A repetição pode virar refrão. O amado é tratado como “meu amigo”. Temos as barcarolas, pastorela, romarias (relativas a assuntos de religião e visita a templos antigos), bailias ou de danças, as alvoradas ou albas. O trovador imagina como são as emoções do eu-lírico feminino em suas relações amorosas. A mulher do povo chora a ausência do amado, que foi embora para cruzada, nos navios para as Índias, ou a abandonou para outra mulher.
Ondas do mar de Vigo
Se vires meu namorado!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Ondas do mar revolto,
Se vires o meu namorado!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Se vires meu namorado,
Aquele por quem eu suspiro!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Se vires meu namorado
Por quem tenho grande temor!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Sentada na ermida de São Simeão
Cercaram-me as ondas, que grandes são!
Eu atendendo o meu amigo!
Eu atendendo o meu amigo!
Estando na ermida, frente ao altar,
Cercaram-me as ondas, grandes do mar!
Eu atendendo o meu amigo!
Eu atendendo o meu amigo!
Não tenho barqueiro nem armador
Morrerei formosa no