Campos de concentração no Ceará
A obra da autora Kênia Sousa Rios, mestre e doutora em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e atualmente professora do departamento de História da Universidade Federal do Ceará, retrata o acontecimento da seca de 1932 no Ceará com as vividas experiências sofridas pelas vítimas desta. Também apresenta os locais de controle utilizados pelo poder público para manter o afastamento entre ricos e pobres afetados.
O inverno de 1932, tão esperado pelos sertanejos não chegou, a seca começava a complicar a vida destes. O mês de Janeiro foi marcado pela vinda dos retirantes pra Fortaleza, pois tinham esperança que na capital a vida seria melhor. Eram homens, mulheres e crianças que se aventuravam a pé pelas estradas, muitos se juntaram em bandos e para amenizar a fome matavam bois e vacas que roubavam de fazendas no trajeto pelas estradas empoeiradas. O destino era as estações ferroviárias, destas saíam milhares de retirantes em direção à Capital.
Todos os dias nos jornais de Fortaleza eram publicadas notícias sobre a impressionante quantidade de flagelados que saíam do sertão para a capital, agraciados com passagens que foram distribuídas pelo governo durante alguns meses, mas com o cancelamento destas continuaram a vir para à cidade.
As Estações Ferroviárias foram transformadas em espaços de guerra entre retirantes e forças policiais, onde havia uma se transformava em local de tensão. Em 1932, o Ceará era cortado pela Estrada de Ferro de Baturité que atingia o Sertão Central até o Cariri, onde estão os municípios de Juazeiro do Norte e Crato passando também por Quixeramobim e Senador Pompeu. Nestes três últimos foram erguidos Campos de Concentração para diminuir a demanda para a capital; foram construídos de forma estratégica ao redor das estações onde eles se aglomeravam. Outra estrada que cortava o Ceará era a de Sobral, nela havia somente um pequeno trecho que atingia o Sertão Central e o movimento aí