Campanha do estupro
Um assunto tomou conta das redes sociais: a reação ao resultado de uma pesquisa nacional sobre estupro. Essa pesquisa constatou que a maior parte dos brasileiros acredita que as mulheres são responsáveis por sofrerem abusos sexuais. E elas decidiram não ficar caladas.
A campanha começou com uma foto da organizadora, a jornalista Nana Queiroz.
Rápido milhares de pessoas - mulheres, homens, famílias inteiras - se mobilizaram e aderiram ao pedido de dar um basta à violência sexual. E, com a mesma força, vieram respostas que Nana não imaginou: ofensas e até ameaças.
“Cinco minutos depois eu já tinha uma ameaça de estupro, dez minutos depois eu já estava num site pornô pedindo para ser estuprada, minha foto manipulada. Eu estava com os braços escritos – ‘não mereço ser estuprada’. Eles apagaram o ‘não’ - e colocaram ‘mereço ser estuprada’", conta a jornalista.
As mensagens são muito agressivas, algumas defendem a prática do crime de estupro. Um deles deixou a jornalista, particularmente chocada: num perfil, que já foi apagado, um homem disse que já tinha cometido o crime e faria de novo. Ela decidiu dar queixa na Delegacia da Mulher. E espera que os responsáveis sejam localizados e punidos. A campanha começou como reação aos resultados de uma pesquisa do IPEA - o Instituto de Política Econômica Aplicada: 3.800 pessoas foram ouvidas em todo o país.
Nela, 61,5% dos entrevistados disseram que as mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas e 58,5% afirmaram que se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros. E as mulheres foram mais da metade dos entrevistados para a pesquisa.
Daniel Cerqueira, coordenador da pesquisa, diz que a principal conclusão é que a sociedade brasileira está impregnada pela cultura machista.
“A primeira coisa que temos que fazer, acredito, é trazer à tona esse problema que muitas vezes está escondido embaixo do tapete, está encerrado entre quatro paredes e falar para a