redação
Apesar de a maioria das pessoas parecerem escandalizadas com os resultados da pesquisa do IPEA, que mostram que no Brasil existe, sim, uma cultura do estupro, que joga a culpa do crime na vítima que anda de roupas curtas ou faz poses insinuantes, por exemplo, a internet está aí para mostrar que isso é tão comum quanto transparente em nossa sociedade.
Após a divulgação do resultado da pesquisa, uma jornalista iniciou no “tumblr” a campanha “#eunãomereçoserestuprada” para mostrar o absurdo da estatística. Os comentários na “fanpage” da campanha chegam a ser hediondos: a autora e as apoiadoras da campanha chegaram a receber ameaças públicas de estupro, e até mulheres chegaram a suportar [defender] a tese de que, se a mulher usa roupas curtas – ou, no caso da campanha, segura um cartaz em frente aos seios desnudos –, está fazendo isso para no mínimo incitar o desejo nos homens ou, confirmando a estatística do IPEA com exatidão, que está pedindo para ser estuprada.
Mas não é só esse extremo que é exemplo de que existe um sério problema cultural no país. Em um passeio pelo “Youtube” podemos encontrar vídeos de campanhas publicitárias que incitam o estupro – e vale lembrar que desde 2009 a lei prevê que estupro não é só o ato de penetrar a [à] força uma mulher. A Schincariol, por exemplo, veiculou um comercial em que homens ficam invisíveis e passam a bolinar as mulheres que tentam fugir apavoradas e eles se divertem com isso. A Globo, no Zorra Total, tinha um quadro dedicado ao assédio sexual no metrô.
É óbvio que esse não é um problema exclusivo do Brasil – na Índia, por exemplo, os estupros coletivos são comuns, e no Egito uma mulher chegou a ser presa depois de ser estuprada, mas aqui, certeza, há uma grande hipocrisia com relação ao tema. Enquanto muita gente – o governo inclusive – finge que nada acontece, morrem mais de 15 mulheres ao dia [dia,] vítimas de violência pelo simples fato de serem mulheres. É preciso uma ação