Camara
Estudo conduzido nos Estados Unidos mostra que estudante que também ensina desenvolve boas habilidades para gerar hipóteses e realizar experimentos. Pesquisadores/professores no Brasil também valorizam a dupla atuação.
Alvo de discussão recorrente entre acadêmicos e estudantes, a dobradinha ensino/pesquisa foi o foco de artigo publicado recentemente na revista Science (19/8). Os autores do estudo, dos departamentos de educação de diversas universidades dos Estados Unidos, analisaram propostas de pesquisa de 95 alunos recém-integrados a cursos de pósgraduação em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (campo de conhecimento agregado na sigla STEM, em inglês), em três estados daquele país.
Alguns deles se dedicavam apenas à pesquisa. Outros se dividiam entre ela e as atividades em sala de aula – tanto em cursos de graduação quanto de ensino médio. A partir de diversos critérios e análises estatísticas, os autores avaliaram a qualidade dos projetos em dois momentos do ano letivo. A conclusão foi: “Estudantes que ensinavam e conduziam pesquisas demonstraram significativo amadurecimento em suas habilidades para gerar hipóteses e realizar experimentos”. Estudo comprovou o que defensores da sala de aula já defendem há tempos: lecionar ajuda a desenvolver qualidades de pesquisa.
O resultado não surpreende aqueles que batem na tecla da importância do ensino para a carreira acadêmica.
“Há anos formando gente, observo que quem tem prática de sala de aula tem menos dificuldade na hora da redação e da defesa da tese, por exemplo”, diz o nosso colunista Carlos Alberto dos Santos, físico e professor visitante da
Universidade Federal da Integração Latino Americana.
“Mas essas constatações são sempre num universo muito pequeno”, pondera. Esse artigo é importante por fazer uma avaliação sistêmica; é interessante sair numa revista como a Science, porque mostra que a discussão está no mundo todo.” Santos