Cadastro
Quando a Rádio Baviera me dirigiu convite para pronunciar, através da televisão, uma série de conferências semanais a propósito de filosofia, fui tomado de surpresa. Que audácia por parte da rádio e que desafio para o conferencista! Não hesitei. A filosofia se destina ao homem e a todos diz respeito. Como título para as exposições propus
“Introdução ao Pensamento Filosófico”.
Iniciação — isso não significava que eu fosse falar acerca dè trivialidades filosóficas, nem que fosse fornecer informações simples, a fim de preparar o ouvinte para atividade no campo filosófico. Não existem aquelas trivialidades ou estas informações simples.
Tão logo se filosofa, entra-se em contacto com os grandes temas da filosofia. E se isso não acontece é porque da filosofia se está longe. A palavra iniciação alude apenas à brevidade do texto: a atenção girará em torno de idéias verdadeiramente filosóficas.
Pensamento — não se tratava de ensinar algo que, depois, estaria conhecido. Não se tratava de transmitir conhecimentos elementares. Tratava-se, antes, de percorrer certas trajetórias do pensamento, na esperança de produzir no ouvinte (ainda que de experiências filosóficas, até então, apenas inconscientes) o sobressalto que nos dá súbita compreensão daquilo a que a filosofia se refere.
Filosófico, enfim. Quer isso dizer que importa conduzir o pensamento empírico e racional até seus limites extremos, até o ponto em que revela suas origens. No caso, método não significa aprendizado de operações de lógica formal ou de análise de linguagem, que são úteis mas não de natureza filosófica. O objetivo do pensar filosófico é levar a uma forma de pensamento capaz de iluminar-nos interiormente e de iluminar o caminho diante de nós, permitindo-nos apreender o fundamento onde encontremos significado e orientação.
A meia hora de programação semanal reclamava que, de cada