cacasoft
3398 palavras
14 páginas
TEXTOS DE AMOR 20101º Prémio
“Vamos fugir e fazer um filme?”
Casablanca é um cliché estragado por um ponto de vista errado.
Dêem-nos outra guerra, para reacender os amores e recordar à voz como se berra.
Desta vez, Lisboa será o ponto de partida em vez de mais uma paragem esquecida.
O filme não será maculado pela cor. Na emoção, demasiados arco-íris matam a dor.
Nem o velhinho preto e branco terá lugar. O positivo e o negativo não são suficientes para falar. Não neste filme que a vontade necessita de narrar.
Sépia.
Quero tons quentes mas tristes. Não muito. Apenas o suficiente para serem reais. Não mais.
O sangue será de um vermelho velho. Não será reflexo nem espelho.
A pele, quero-a toda da mesma terra, cor da madeira aberta pelos dentes da serra.
Os dentes não têm cor, são apenas sorriso. Quero-os em grandes planos, em tímidos lábios entreabertos, para que a tristeza saiba o que é um aviso.
É isso.
Depois?
Depois fazemos amor com sexo. Rimos das desgraças dos outros como se fossem piadas sem nexo.
O fim do filme será triste. Pelo menos, para quem assiste.
Quem o vir terá inveja de nós. Sentir-se-ão pequeninos e terrivelmente sós.
No fim, não haverá palavras. Nem mesmo o The End tão cinematográfico.
O próprio som será um contrabandista silenciado pelo receio da acusação de tráfico.
A película será queimada no fim da exibição.
Uma vida vive-se uma vez.
O que se faz envelhece para o que se fez.
O resto é recordação.
Manuel A. S. Alves
2º Prémio
“A economia do romantismo”
Pergunto-me se o amor também estará em crise. Se os beijos vão caindo a pique na bolsa. Se há cada vez mais mãos dadas no desemprego e se o preço dos olhares amantes também vai ser afectado.
Parece que o número de solteiros já está a desequilibrar a balança comercial e que a dívida pública gerada pelos divórcios é intransponível.
Contudo, li em qualquer lado de referencia que, segundo os especialistas, a grande preocupação é a questão do romantismo.
Parece