Cabra marcado pra morrer
Departamento de Comunicação Social
Curso de Jornalismo
Manoel Paulo B. F. Ferreira
Cabra Marcado Para Morrer Considerado um marco na carreira do prestigiado documentarista brasileiro Eduardo Coutinho, Cabra Marcado Para Morrer é um filme antológico, pois marca uma transição estética dentro do campo do cinema documental brasileiro. O trabalho foi construído a partir da história de João Pedro Teixeira, líder da liga camponesa de Sapé, cidade do interior da Paraíba, e que foi assassinado em 1962 por ordem de latifundiários nordestinos.
O caso foi descoberto por Coutinho durante a UNE volante, “uma caravana da União Nacional dos Estudantes que percorreu o país para promover a discussão da reforma universitária”, como deixa bem claro a narração de Ferreira Gullar no início da obra. Pensadas para ser uma encenação baseada em fatos reais e com a maioria dos atores encarnando o papel de si mesmos, as primeiras gravações ocorreram no ano de 1964, mas foram simplesmente interrompidas pelo confisco de todo o material por parte do governo, no contexto do golpe militar que abalou as estruturas institucionais do país.
Os trabalhos só puderam ser retomados cerca de vinte anos depois, quando estava em curso o processo de redemocratização do Brasil e, para surpresa do diretor, constatou-se que o material, então devolvido, estava intacto. Uma mera continuação dos trabalhos, seguindo o roteiro pensado originalmente, não faria sentido depois de tantos anos - motivo pelo qual o projeto sofreu uma profunda transformação e o que seria uma ficção baseada em fatos reais virou um documentário, exibindo marcas contundentes do que nos anos seguintes viria a se consolidar como a estética documental de Coutinho.
O diretor voltou a procurar Elizabeth Teixeira, a viúva de João Pedro. No reencontro, exibiu as gravações e foi filmando as reações e os desdobramentos das conversas desenvolvidas, realizando praticamente um filme do filme. Nesse ponto, fica