Resenha Cabra Marcado Pra Morrer
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O filme “Cabra Marcado pra Morrer”, documentário de Eduardo Coutinho, começou a ser gravado no ano de 1964 em Pernambuco. O objetivo dele era contar a história de João Pedro Teixeira, líder camponês que lutava em favor da reforma agrária e de melhores condições de vida para os camponeses de Sapé, na Paraíba. Com o golpe militar de março de 1964, as filmagens tiveram que ser interrompidas. Muitos integrantes da equipe foram presos, outros conseguiram fugir e esconder fragmentos de material e alguns equipamentos. Em 1980, as filmagens foram retomadas e duraram quatro anos. Este filme do Coutinho marca muito a história do documentário no Brasil. Ele tem uma “pitada de ficção”, um exemplo disso são as cenas de João Pedro Teixeira, interpretadas por um ator. O diretor filma sem um roteiro muito bem amarrado, deixando espaço para o improviso, a situação “natural”: ele montava uma representação da realidade. Coutinho caracterizava pela sensibilidade de suas obras , registrava suas obras sem ser piegas e mostrava o dia dia de pessoas comuns, era um cineasta diferenciado dos outros, não estava preocupada com fama ou por fazer um filme qualquer, mas se importava com a qualidade das histórias e roteiros que escrevia. Este filme refere-se ao cinema direto, estilo de documentário que quer retratar a realidade, mas conta com as alterações da vida real que a posse de uma câmera e presença de estranhos traz. Eduardo Coutinho se aproxima de Jean Rouch e Edgard Morin em Crônicas de Um Verão, onde o diretor intervém propositalmente no filme, usando essa intervenção como um recurso para a revelação, a extração daquilo que o Coutinho pretendia revelar. Ao contrário do que Richard Leacock pensava, a intervenção pode extrair muito mais da realidade do que o “fingir não estar ali”, pois todos representamos, a vida social das pessoas é um lugar onde não se é “totalmente livre”. Ele retrata a dificuldade da vida dos camponeses, e a expulsão dos mesmos das terras de engenho que