Bóson de Higgs
Com a descoberta, os físicos já podem dizer que compreendem coisa de 5% do Universo. Faltam só os outros 95% agora por Salvador Nogueira
O mundo assistiu recentemente a uma das maiores celebrações nerds da história, quando cientistas do Cern, centro europeu de física de partículas, anunciaram a descoberta do que provavelmente é o bóson de Higgs.
A razão para tanta festa era que o tal bóson era a figurinha que faltava para completar o grande álbum das partículas, também conhecido como Modelo Padrão. Uma forma simplificada de pensar nele é imaginar uma tabelona que especifica as características de todos os componentes da matéria e da energia.
Está tudo lá. Os subcomponentes dos famosos prótons e nêutrons (quarks), os elétrons e seus primos (léptons), as partículas que mantêm os núcleos atômicos coesos (glúons), os componentes da luz (fótons)... O problema é que algumas dessas partículas são
"fantasmas", não têm massa (caso dos fótons e gluons) outras, têm massa (os quarks, que formam você e tudo de concreto que existe à sua volta). Aí que entra o bóson de Higgs: ele é uma partícula que não interage com fótons, mas interage com quarks, por exemplo.
E o resultado dessa interação é o quark ganhar massa (ou seja: graças ao Higgs você não é um raio de luz).
Boa parte das partículas do Modelo Padrão tinham sido propostas em teoria e, depois, a existência delas foi confirmada na prática. Lindo. Mas ainda faltava uma para completar esse álbum de figurinhas: justamente o Higgs. Agora não mais. O LHC, maior acelerador de partículas do mundo, proporcionou a descoberta. E agora temos uma teoria fantasticamente bem-sucedida: ela explica exatamente 4,6% de todo o conteúdo do
Universo.
É isso aí mesmo, não tem erro de digitação. O Modelo Padrão, em toda sua grandiosidade festejada pelos físicos, não dá nem para o troco do pão quando falamos do conteúdo integral do Cosmo. Em sua maior parte, ele é composto por duas