Bullying ainda é coisa séria
LUIS AUGUSTO RONCATO
A banalização de algumas expressões tem um perigo intrínseco. Seja no meio leigo ou acadêmico, o uso da palavra bullying acabou por sofrer certa exaustão nos últimos tempos. Nas escolas, jornais, universidades, programas de televisão, debates dos mais diversos, têm se procurado definir, entender explicar o que é este fenômeno. Depois de, principalmente, invadir os meios de comunicação, o fenômeno passa agora por certo descrédito e, não raro, se houve observações que atenuam a importância do tema com vereditos tais como: “Isto sempre aconteceu” ou “Esta é uma prática tão antiga quanto a existência da escola ou do ensino formal”. Opiniões tão rasas quanto dizer que a violência sempre existiu e que não é importante estabelecer novas formas de entendimento para a expressão da mesma.
É evidente que qualquer um de nós pode lembrar daquele colega de escola sempre rechaçado, vítima de agressões, depositário das mais perversas provocações, mas isso não deveria inibir as discussões aprofundadas que a prática do bullying, cada vez mais presente nas instituições de ensino, merece.
Para quem trabalha com crianças e adolescentes que convivem com o bullying (psicólogos, psicanalistas, pedagogos, professores, médicos), sejam eles vítimas ou agressores, os efeitos desta prática parecem tão evidentes quando determinantes para gerar desajustes nas relações, na auto-imagem e na possibilidade de um crescimento saudável.
Uma rápida olhada na biografia dos jovens que assassinaram colegas em escolas nos Estados Unidos, sobretudo, mas também em outros países como o Brasil, mostra que estes foram vítimas de bullying. Esta situação, de forma isolada, não serve como fator explicativo para tais atrocidades, mas não pode ser um elemento ignorado.
Ainda que não estejamos falando de fatos tão extremos, os prejuízos para a vida de jovens e famílias de vítimas de bullying é forte e inquestionável. Provavelmente alguns fatores se somam