Buchas ou herois
Juliano do Nascimento[2] Paulo Cesar Fachin[3]
RESUMO: Sendo o Movimento Farroupilha de flagrado por estancieiros ou grupos e camadas a eles ligados social e economicamente e não sendo substantivo o trabalho escravo nesse tipo de atividade, os seus promotores não encontraram dificuldades em alforriar os seus escravos, que passaram a ser homens livres, tendo a sua maioria engajado nas tropas dos farrapos, para combater pelos ideais republicanos. Escravo que chegasse ao território farroupilha era considerado homem livre. As três províncias insurgentes não receberam um contingente demográfico africano considerável em relação a outras, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Maranhão e Bahia, embora o seu coeficiente tenha sido bem maior do que supõe. O tipo de economia pastoril e extrativa prescindia do escravo ou o usava em quantidade bem inferior à dos engenhos de açúcar do Nordeste ou na mineração. Por outro lado, os trabalhos agrícolas, especialmente da erva-mate, também não eram de natureza a exigir uma concentração de braços escravos como a que a economia dos engenhos ou a da mineração impunha.
PALAVRA-CHAVE: Políticas Abolicionistas, Revolução Farroupilha, Escravo.
INTRODUÇÃO
A Guerra dos Farrapos, também chamada Revolução Farroupilha, foi a mais longa guerra civil brasileira. Durou 10 anos. Foi liderada pela classe dominante gaúcha, formada por fazendeiros de gado, que usou as camadas pobres da população como massa de apoio no processo de luta. Apesar da participação do povo, esse movimento difere da
Cabanagem e da Balaiada, pois os fazendeiros, unidos, jamais permitiram que as camadas populares assumissem a liderança do movimento ou se organizassem em lutas próprias. O que os farrapos tentaram mudar foi um sistema vigente desde o final do século XV. Antes mesmo do descobrimento do Brasil, os portugueses já compravam escravos negros para abastecer suas