Brás Cubas em três versões
Qual seria a proposta de análise sugerida por Bosi?
O primeiro método de leitura é dado pela perspectiva pós-estruturalista que preza pela forma sobredeterminando, em parte ou no todo, a mensagem da obra. Essa perspectiva se constrói pelas questões de composição e de linguagem; José Guilherme Merquior atribui à tradição da sátira menipéia (cf. Bakhtin) como construção: “mistura do sério e do cômico, liberdades em relação à verossimilhança, preferência por estados de espírito aberrantes e, fundamentalmente, o gosto de intercalar subgêneros que vão do gramento puramente anedótico ao mais inesperado excurso digressivo” (BOSI, 23). Enylton de Sá Rego aproxima o romance de Machado de Assis com o sério-cômico de Luciano de Samósata etc.
Sérgio Rouanet trabalha com a comparação entre Brás Cubas e A vida e as opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy, de Laurence Sterne: “a presença enfática do narrador; a técnic da composição livre, que dá ao textoa sua fisionomia giressiva e fragmentária; o uso arbitrário do tempo e do espaço; a interpenetração de riso e melancolia.” (BOSI, 24). O que diferenciaria o discurso teórico do autor em relação ao narrador de outros como Roberto Schwarz e Augusto Meyer é a sua ideia advinda como traço narrativo estrutural como herança da literatura de Sterne. Essa é uma definição bastante pós-estruturalista:
Tristram não obedece a regras, nem mesmo às de plausubilidade ou de estética. Ele dispõe de todas as convenções narrativas. (...) É sábido que na sua relação com o leitor Tristram brinca, insultando-o, humilhadno-o e fingindo que está travando um diálogo, mas interrompendo arbitrariamente a conversação o tempo todo. (BOSI, 25).
Até mesmo a ironia que perpassa a narrativa de Memórias pelo próprio narrador-autor é vista como um exemplo relacionável ao Tristram Shandy, além do