Brinde no Ju zo Final
Poeta de camiseiro chegou vossa hora,
Poetas de elixir de inhame e tonofosfã,
Chegou vossa hora, poetas do bonde e do rádio,
Poeta jamais acadêmicos, último ouro do Brasil.
Em vão assassinaram a poesia nos livros,
Em vão houve putsch, tropas de assalto, depurações.
Os sobreviventes aqui estão poetas honrados,
Poetas diretos da Rua Larga.
(As outras ruas são muito estreitas,
Só nesta cabem a poeira,
O amor
E a Light.)
Interpretação:
O poeta escreve uma crítica sobre poetas acadêmicos e honra a existência de novos poetas que enfatizam temas considerados banais, incluindo questões sociais e também cotidianas. Este fato é apresentado no segundo verso da primeira estrofe: “Poetas de elixir de inhame e tonofosfã” indicando medicamentos utilizados rotineiramente, os quais os poetas utilizam para apresentar fatos do dia a dia.
Ainda na primeira estrofe o autor elogia os poetas do modernismo e homenageia a ascensão deste tipo de poesia e os incentiva a produzir mais textos modernistas para que possam aproveitar o momento dizendo que existem vários poetas acadêmicos, mas os modernistas são raros e especiais e por isso se diferenciam dos outros: “último ouro do Brasil“ e “Chegou vossa hora” são frases que comprovam esta interpretação.
Na segunda estrofe, quando cita “assassinatos”, “assaltos”, golpes de Estado e “depurações” indica que os escritores acadêmicos tentaram ter sucesso com todas as suas forças, mas a época deles já passou e agora os bem sucedidos são aqueles que escrevem nas ruas podendo ter ampla percepção do cotidiano, da sociedade e assuntos sobre “poeira” e “amor”. Por isso são sobreviventes honrados que antes sofreram por não estarem na época certa de tentarem ser bem sucedidos, e agora quem está vivendo isso são os poetas acadêmicos.
O Título "Brinde do Juízo Final" indica um certo sarcasmo ao brinde dos poetas acadêmicos que estão no juízo final de sua carreira e com certeza não