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A INVENÇÃO DA AMAZÔNIA
CAPITULO II
COMO O MAR DE ÁGUAS DOCES E SUAS DILATADAS PROVÍNCIAS SÃO PERCORRIDAS PELO IMAGINÁRIO DOS CRONISTAS VIAJANTES.
Introdução
Contrariamente ao que se pode supor a Amazônia não foi descoberta, sequer foi construída; na realidade, a invenção da Amazônia se dá a partir da construção da índia, fabricada pela historiografia greco-romana, pelo relato dos peregrinos, missionários, viajantes e comerciantes.
Nesse contexto inclui-se também a mitologia indiana que, a par de uma natureza variada, delicia e apavora os homens medievais. A tal conjunto de maravilhas anexam-se as monstruosidades animais e corporais, incluídas tão somente enquanto oposição ao homem considerado como “normal”, habitante de um mundo delimitado por tradições religiosas.
A primeira viagem ao mundo novo fez-se acompanhar por esse imaginário e influenciou a visão do europeu sobre aquelas terras jamais vistas.
Pressionados por adversidades comuns à época, os homens sonham encontrar o paraíso e a fonte da eterna juventude. A tradição religiosa dizia que um grande rio nascia naquele local aprazível, cujas águas encobriam riquezas, e não muito longe, uma fonte convidava para a total supressão dos males sociais, onde a fome, as doenças e as pestes continuamente dizimavam respeitáveis contingentes humanos.
Esse local foi encontrado pelos expedicionários de Orellana e se localizava na região Amazônica.
Constantemente visitada, principalmente depois de liberada a navegabilidade do rio das Amazonas pelo governo português, para aquela região composta de enormes rios e compactas florestas, dirigem-se as atenções e erigem-se “verdades”.
Esse ambiente suscitou uma diversidade de indagações, questionamentos. Como nos faz observar Neide Gondim: “como justificar a presença de animais pequenos em meio a tão prodigiosa natureza, se na África esturricada animais gigantescos ali tinham seu habitat? Possivelmente havia gigantes entre o intricado vegetal; não havia,