Brasil de 1947
Este trabalho documenta o desempenho da economia brasileira de 1947 a 1999. Entre 1947 e 1962 a ordem econômica é presidida pela Constituição de 1946, a qual consagra como inviolável o princípio da independência dos três Poderes da República. Durante esse período o produto cresce a 7,55 % e a população a 2,94 % ao ano. De 1964 em diante essa ordem é comandada por um regime autocrático e ditatorial de política econômica, no qual o Executivo legisla, é juiz de si mesmo, e viola sistematicamente o equilíbrio entre os Poderes. Nesse período a economia brasileira deixa sua trajetória de crescimento e caminha em direção à estagnação. 1963 é ano de convulsões políticas. Não cabe em nenhum dos dois regimes. Entre 1964 e 1999 o produto cresce a 4,73 % e a população a 2,13 % ao ano. Entre 1980 e 1999 esses números caem para 2% e 1,72% ao ano, respectivamente. O trabalho argumenta que o regime autocrático e ditatorial de política econômica transformou a economia brasileira na economia do desperdício.
1 – Introdução
Este trabalho documenta padrões de crescimento da economia brasileira de 1947 – início das publicações das Contas Nacionais pela Fundação Getúlio Nargas – até 1999. É uma introdução a outros destinados a discutir alguns dos motivos que empurraram a economia a essa prolongada estagnação de vinte anos, transformando-a num engenho destituído de dinamismo, incapaz de promover o crescimento da renda per capita e o bem-estar da população brasileira.
O principal motivo, será demonstrado, é o estilo de gestão governamental adotado pelo Regime Militar em 1964 e vigente até hoje. Esse estilo, autocrático e ditatorial, gerou uma economia de desperdício e de ineficiência, que conta, ademais, com o aval do FMI.
O Fundo é uma instituição reguladora, voltada para a implantação de regimes cambiais alheios a mecanismos de mercado. Tais regimes induzem a endividamentos externos excessivos, superiores à capacidade de pagamento das economias que