brasil caboclo
Por volta de 1780, teve início o cultivo do cacau e a criação de gado em grandes fazendas na região de Santarém e de Óbidos. O crescimento econômico tornou essa região uma das mais importantes na Província do Grão-Pará nesta época.
Uma grande quantidade de escravos africanos foi trazida para trabalhar nessas fazendas. Os historiadores acreditam que esses escravos eram originários da região da África conhecida como Congo-angolana, sendo na sua maioria da etnia etinia
Os quilombos foram formados já nas primeiras décadas da implantação das fazendas. Os registros de fugas foram publicados diversas vezes em jornais, como no Baixo Amazonas :
"Convém também dizer à autoridade de que de janeiro a maio em que enche o Amazonas, é o tempo que os escravos julgam mais apropriado para fugirem. Neste tempo o trânsito, que é todo fluvial, facilita-lhes poderem navegar por atalhos que conhecem ou por onde são conduzidos, sem o receio de serem agarrados; por este tempo que é o em que se faz a colheita das castanhas" (08 de janeiro de 1876. Apud Funes, 1995:85).
Os escravos buscavam o rio à noite, subindo para as cabeceiras dos afluentes do Amazonas, para o alto dos rios, acima das cachoeiras. A escolha do lugar era estratégica. Priorizavam áreas onde a captura fosse difícil. Mas preocupavam-se também em encontrar um local onde fosse possível praticar a agricultura para a sua subsistência e para um pequeno comércio.
Os principais mocambos estavam nos altos dos rios, em trechos navegáveis, acima das cachoeiras dos Rios Curuá, Trombetas e Erepecuru. No entanto, abaixo destas, nos afluentes dos rios principais, como o Curuá-Una, nos lagos e nos furos como no Ituqui (um furo do Rio Amazonas) e nas cercanias de Santarém, também se encontravam quilombos menores (como o de Urucurituba, Ituqui e Tiningu), que serviam de apoio tanto para a fuga como para a resistência daqueles situados nas águas bravas.
Os fugitivos