brasil antes do golpe
O presidente João Goulart e Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul
Forças ocultas sussurraram nos ouvidos presidenciais do imprevisível Jânio Quadros que a sua renúncia, uma apelação golpista, acabaria fortalecendo suas posições no poder. Nem o povo nem o Congresso se iludiram quanto as suas intenções misteriosas e Jânio acabou entrando para a História como o pivô de uma das mais graves crises políticas que o Brasil já viveu. Da renúncia, em 25 de agosto de 1961, ao Golpe de 1º de abril de 1964, se instalou um clima politicamente convulso no país com a colisão entre os posicionamentos progressistas e a as forças conservadoras de sempre, sendo a “revolução” verde-oliva o resultado imediato mais grotesco e antidemocrático destes conflitos.
O então Vice-Presidente João Goulart deveria legalmente assumir as chefias de Governo e Estado como legítimo Presidente da República, mas seu governo já teve um início incomum, pois, na tentativa de limitar as prerrogativas presidenciais, o Congresso Nacional realizou uma das grandes proezas históricas da irracionalidade política brasileira: desprezando que o país possuía uma Constituição e que os Poderes a ela deveriam seguir, foi imposto um regime parlamentarista improvisado que foi, pelo bem da legalidade, posteriormente derrubado pelo plebiscito de 6 de janeiro de 1963. Goulart, herdeiro político de Getúlio Vargas, buscou imprimir uma série de medidas que desagradaram as vontades dos setores conservadores e reacionários, cujos interesses geralmente nortearam as políticas governamentais. Além de impor o monopólio estatal para importação de petróleo e regulamentar o fluxo de remessa de lucros ao exterior por parte das multinacionais, Goulart buscou manter uma política internacional mais autônoma, o que poderia alarmar aqueles que tinham receios a respeito de suas supostas relações com o comunismo numa época na qual imperava o domínio da Guerra Fria sobre o alinhamento