bovero
1. Jogo Democrático
Focalizar a atenção sobre os verbos, as partes do discurso que indicam ações, pode servir para redesenhar o que usualmente é chamado “jogo jurídico”
Ao falar “jogo democrático” pretende-se considerar o aspecto dinâmico da democracia, o conjunto das atividades entre si conectadas através das quais se desenrola a “vida pública” de uma coletividade, no âmbito das regras democráticas, não por acaso definidas “regras do jogo”
Segundo uma imagem amplamente partilhada, a dinâmica da vida pública democrática se assemelha a uma disputa. Em concordância com essa concepção realista está Joseph Schumpeter, que resume a democracia à concorrência de grupos da elite pela conquista do voto popular. O jogo democrático seria algo que se assemelha a uma interminável partida entre partidos (políticos).
Bovero não concorda com essa imagem, porque segundo o seu entender seria:
a) Unilateral: resultaria de um olhar sobre a vida pública do ponto de vista daqueles que aspiram ao poder de decisão política (ex parte principis) e não do ponto de vista dos cidadãos (ex parte populi).
b) Parcial: reduz o “jogo democrático” a uma pura dimensão conflitual, mantendo encobertos os aspectos cooperativos da interação democrática entre sujeitos e instituições.
A dinâmica da vida democrática é um “jogo” misto no qual competição e cooperação estão entrelaçadas.
Objetivo de Bovero: Ilustrar o funcionamento típico da vida pública em uma democracia moderna. A lógica dinâmica de um sistema de ações. As palavras chave deverão ser verbos, os verbos da democracia.
2. As fases do jogo
O jogo da democracia se assemelha a escalada de uma pirâmide feita em degraus, ou melhor, a uma escalada por revezamento, uma vez que no decorrer do jogo certos jogadores serão substituídos por outros. O jogo se desenvolve da base para o vértice.
O jogo tem melhores resultados quando:
a) A escalada é organizada
b) O revezamento ocorre de modo claro e