Vida
Voltaire Schilling Atacada há muito tempo pelos conservadores como “o regime político dos fracassados”, e pela esquerda como um ardil das classes dirigentes para manter-se no poder, dando ao povo a ilusão de participar dele, a democracia consagrou-se nos últimos decênios do século XX, continuando pelo século XXI, como um regime universal. A democracia se difunde Ao contrário das décadas que entremearam os anos vinte e cinqüenta, em larga parte ocupada por líderes ditatoriais ou autoritários, o “regime do povo para o povo e pelo povo”, no dizer de Lincoln, terminou por se impor em boa parte do mundo no decênio final do século XX (a exceção entre os macro-países é a China Comunista). Ainda assim ela, a democracia, tem causado também muita insatisfação, pois não se mostrou suficiente hábil para demolir com a rapidez desejada o muro das desigualdades sociais nem promover a prosperidade dos países mais pobres. O que vem a ser a democracia? Parte dessa frustração deve-se ao fato de que muitos depositam nela um conjunto de esperanças as quais ela não está habilitada a resolver. Entre elas a questão de impor uma igualdade social de fato, ou ainda, especialmente nos países de Terceiro Mundo, de resolver os gravíssimos problemas do subdesenvolvimento. De certo modo, isso conduziu ao que o professor Nelson Beira definiu como “uma evaporação, um certo enfraquecimento e até desvalorização da esfera pública”. Sem que, todavia, tenha ameaçado com o que Bobbio determinou como sendo os quatro grandes direitos da liberdade moderna: a liberdade pessoal, a liberdade de consciência, a liberdade de manifestação do pensamento, a liberdade de reunião e a liberdade de associação. As Regras do Jogo Para o acadêmico Michelangelo Bovero, um dedicado discípulo do filósofo político Norberto Bobbio, falecido em Turim em janeiro de 2004, a democracia é uma espécie de jogo político cujo objetivo não é o conflito em si, mas sim em resolver o conflito seja entre os indivíduos