Bombril e o marketing ambiental
Um exemplo de como as empresas não sabem aproveitar a preocupação ambiental da sociedade. A sociedade, e consequentemente o mercado, estão valorizando cada vez mais as empresas que demostram um desempenho ambiental elevado.
A Bombril veiculou na TV alguns comerciais alegando um alto desempenho ambiental de sua tradicional esponja de aço. Os comerciais, criados pela Agência WMcCannressaltam o baixo desempenho ambiental de produtos concorrentes, as esponjas multiuso feitas de polímeros.
Qualquer profissional da área ambiental percebe claramente que trata-se de um comercial criado por profissionais de propaganda, sem qualquer respaldo técnico. Assumir que um produto é mais “ecológico” que o outro, ou até que seja “100% ecológico” como a propaganda afirma, é uma simplificação inadmissível.
A Bombril não cita nenhum estudo técnico ou certificação de instituição independente que justifique os atributos ambientais alegados. Além do mais, essa forma de autodeclaração ambiental vai contra as recentes Normas Técnicas da Série ISO 14000.
O que poderia ocorrer? O óbvio. Empresas concorrentes da Bombril entraram com representação no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) pedindo a suspensão dos comerciais. Como as justificativas apresentadas são inquestionáveis, nesta semana o CONAR suspendeu a campanha da Bombril.
Conclusão: a Bombril gastou R$ 30 milhões com uma campanha que foi suspensa compulsoriamente e ainda ficou com a imagem de que é uma empresa que pratica o “greenwashing“, ou seja, que quer aproveitar a onda verde para fazer média com seus produtos.
Precisa ficar claro para as empresas. Não se pode querer faturar com o engajamento da sociedade na causa ambiental sem uma base sólida de gestão ambiental e sustentabilidade. É um erro imenso deixar a cargo de profissionais de propaganda e marketing campanhas que apresentam benefícios ou desempenho ambiental de produtos e empresas.
O marketing ambiental é poderosíssimo, mas