Bom Retiro e seus imigrantes
“... deve-se pensar a história particular de cada lugar se desenvolvendo, ou melhor, se realizando em função de uma cultura/tradição/língua/hábitos que lhe são próprios, construídos ao longo da história (...) é a partir do estudo do lugar é que procedemos a análise geográfica do espaço”. Analisar as mutações da paisagem também é identificar um processo pelo qual se identifica como esse segmento do espaço se metamorfoseia através da produção, instalação, difusão e evolução de fragmentos de redes materiais e sociais de um espaço total. Entretanto, essa transformação do espaço não é passiva, sendo este também um agente do modo de produção (LEFEBVRE; SANTOS, 1991). Sendo assim, é o espaço que muda a paisagem, assim como, também, é mudado pela paisagem, metamorfoseia-se originando processos como a refuncionalização e a deteriorização, que somente são aparentes ao nível local da paisagem que o produziu. Com isso, pode-se analisar toda a história de formação do Bom Retiro, e como o espaço e a paisagem foram sendo transformados com o decorrer do tempo. As transformações no bairro não ocorreram isoladamente, elas foram parte de um processo muito mais amplo. A revolução industrial chegava ao Brasil a passos lentos, mas São Paulo possuía capital para investir na indústria, já que era um capital grandioso logrado pelo café, e assim, investiu na indústria, provocando mutações nos fluxos, nos fixos (pois as características da cidade foram alteradas para a implantação da indústria) e na formação da rede. A região do Bom Retiro desde longa data se caracterizou como importante ponto de passagem. Desde antes da chegada das naus cabralinas ao litoral brasileiro, a região do Bom Retiro encontrava-se cruzada por inúmeras trilhas indígenas. O Bom Retiro era formado por regiões contíguas