Bolivianos
A imigração boliviana em São Paulo.
Sylvain Souchaud, geógrafo, pesquisador do Institut de recherche pour le développement (IRD-França) e pesquisador colaborador do Núcleo de estudos de população (NEPOUnicamp). Introdução Mais ou menos dez anos depois dos primeiros estudos publicados sobre a população boliviana em São Paulo, realizados pelo antropólogo Sidney da Silva1, multiplicam-se, nos anos 2000, os trabalhos acadêmicos sobre esta população (Buechler, 2004; Cacciamali, Azevedo, 2006; Cymbalista, Xavier, 2007; Gall, 2001; C. F. D. Silva, 2008; S. A. D. Silva, 2003, 2005, 2007) que, ao mesmo tempo, foi se tornando um tema de interesse para os jornalistas de imprensa e televisão. A matéria sobre os imigrantes bolivianos em São Paulo é hoje importante, e aborda vários aspectos do cotidiano deste grupo: sua condição de imigrante e seus direitos, suas atividades e condições de trabalho principalmente na indústria da confecção, sua inserção na cidade e suas particularidades e manifestações culturais. No entanto, nos trabalhos que pudemos consultar até hoje, parece faltar, tanto uma descrição das características sociodemográficas gerais desta população, como uma apresentação de elementos contextuais, principalmente no que se refere a seus lugares de origem e à articulação deste fluxo para a metrópole com os outros fluxos de imigração boliviana no Brasil. Esboçamos neste texto a geografia da imigração boliviana na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), associando elementos da demografía e da espacialidade deste grupo2. O uso dos dados do censo 2000. Ao longo deste trabalho de caracterização desta população, usaremos os dados do censo 2000 do IBGE. Esta escolha merece ser justificada, pois os dados do censo, no que se refere a este grupo em particular, são tidos como pouco