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Além da necessidade patológica de compartilhar absolutamente tudo, perdemos a capacidade de retenção de qualquer fato, informação, pensamento ou emoção.

Incontinência é uma palavra engraçada. Lembra a continência dos militares, só que ao contrário. Mas é fácil olhar para a palavra e ver que continência está ligada diretamente ao verbo conter. Conter-se todo mundo sabe bem o que é, é a capacidade de optar por reter ou liberar alguma coisa, seja um pensamento, uma emoção, uma informação, comentário ou líquido fisiológico. Quando você não consegue reter sua própria urina você perde a continência, a capacidade de contenção, daí a expressão triste da ~incontinência urinária~, a perda involuntária do xixi.
Perder a capacidade de retenção das próprias coisas do corpo é triste. Se tem alguma coisa que a gente faz questão de ter é controle sobre o funcionamento da fisiologia. Ninguém gosta de usar fraldas, nem no começo nem no final da vida. E, no entanto, nossa sociedade em rede praticamente perdeu a capacidade de se conter, de reter qualquer coisa. Tudo precisa ser compartilhado. A fome, a unha encravada, o trânsito diário, a perda do chaveiro, you name it. Tudo. Como frequentadora do Twitter há vários anos tenho visto um pouco de tudo nesse sentido, sem contar os compartilhamentos incessantes de todos os detalhes via Facebook e, quando imagéticos, no Instagram.
Não há mal nenhum em explorar todas as ferramentas à exaustão. Publicar fotos dos pratos e lanches, quem nunca. Porém, com o uso constante, vamos perdendo a noção de limite, de barreira. Sim, porque o limite, seja do muro, da porta, da beira da piscina ou da borda da panela, é o que define o que está contido. A caneca que contém o café tem a louça como barreira que mantém o café, digamos, contido dentro. Se a louça se quebra, o café se espalha.
Nós, que um dia já fomos grãos inteiros, depois pó, depois fomos coados e viramos café, estamos agora vaporizados, em estado gasoso, totalmente incontidos. E, quando

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