Blocos afros .
40 anos dos blocos afros. O carnaval pode ser diferente!
Fonte:
http://atarde.uol.com.br/opiniao/noticias/1569759-40-anos-dos-blocos-afros-ocarnaval-pode-ser-diferente
Carla Akotirene | Assistente social, mestra pela Ufba em estudos de gênero e sobre mulheres Cau Gomez | Editoria de Arte | A TARDE
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Apropriado reafirmar a habilidade do carnaval em criar sobre a sociedade civil organizada distrações políticas. Para os grupos de extermínio, traficantes sexuais, homofóbicos, agressores de mulheres e demais expressões criminosas, conjunturas favoráveis aos mais fecundos desempenhos.
É neste marco do calendário de festas, no qual quem anseia exercitar crueldades contra pessoas em situação de rua, profissionais do sexo, adolescentes em liberdade assistida, lésbicas, travestis, gays e negros, sente-se encorajado a fazê-lo tranquilamente, porque nos interessa mais um "lepo, lepo"; até mesmo o mais faminto defensor dos direitos humanos se sacia com chiclete ou com banana.
Rica em cultura e em resistência estética, a capital baiana desta vez promete proporcionar belezas, ritmos, banho de alfazema e reparação, alusivos aos 40 anos dos blocos afros. Com o tema "É diferente. É carnaval de Salvador", a festa convida à valorização da vivência ancestral criativa de um povo antes rejeitado em agremiações de brancos, por não ser uma gente considerada bonita e benquista nas praças da cidade. Desta exclusão racial e classista, surgem organizações cujas discriminações positivas
apresentam a grandeza dos negões africanizados nas ruas do Pelourinho e em
Liberdade-Curuzu. Hoje, europeus e celebridades brancas se convidam à beleza negra, ao uso de turbantes e cabelos trançados nagô, imortalizados nas canções do Ilê
Aiyê, ao lembrar que "só quem tem patuá não tem medo da guerra, escorrega, levanta e nunca está sozinho".
Em blocos, atrevidos corpos negros desfilaram por quatro decênios, aos repiques do
Muzenza contra um racismo