Black
Introdução:
De que forma os professores de Didática têm interpretado a possível contribuição desta disciplina para a formação de professores?
Ao iniciar esta pesquisa estávamos cientes de que a proposta de uma disciplina num curso de formação inicial de professores é apenas um contraponto nas múltiplas configurações do processo de se construir a formação docente; no entanto estávamos interessadas em compreender as significações elaboradas pelos formadores ao recortar o campo conceitual da Didática e eleger aquilo que, pressupõe-se, escolhem como categorias fundamentais à formação de futuros docentes. Pensávamos em compreender as interfaces da Didática na significação, nas práticas e nos saberes elaborados por aqueles que estão, de alguma forma, tecendo e engendrando processos formativos de docência. Partimos do pressuposto de que ainda há muitas controvérsias e contradições na consideração do estatuto epistemológico da Didática, e que este objeto de conhecimento encontra-se em constante revisão pelos profissionais da área que, após vários estudos críticos, a colocaram em questão[1] ou, conforme afirma Candau (2002):
A Didática passa por um momento de revisão crítica. Tem-se a consciência da necessidade de superar uma visão meramente instrumental e pretensamente neutra do seu conteúdo. Trata-se de um momento de perplexidade, de denúncia e anúncio, de busca de caminhos que têm de ser construídos através do trabalho conjunto dos profissionais da área com os professores de primeiro e segundo graus. É pensando a prática pedagógica concreta, articulada com a perspectiva de transformação social, que emergirá uma nova configuração para a Didática. (Candau, 2002, p.14)
Essa nova configuração para a Didática implicava assumir o que se definiu no documento-síntese produzido pelo Seminário “A Didática em Questão” em 1982, ou seja, enfrentar o desafio para a superação