Transtorno mental que mais causa suicídios, bipolaridade lesa o cérebro Há dias em que a euforia bate no céu. Em outros a depressão leva ao fundo do poço. A novidade sobre essa gangorra de emoções é que os cientistas confirmam a suspeita de que uma molécula presente no cérebro e no sangue pode apontar a predisposição para a doença (sim, é doença!) com boa margem de segurança. É como levar uma vida dupla. Uma hora a euforia toma conta e leva o organismo ao seu limite de excitação, até mesmo sexual. É energia que não acaba mais, a ponto de o sono tornar-se quase desnecessário. Perde-se a capacidade de julgamento e a autocrítica e há quem se torne irritadiço. O transtorno bipolar é uma doença mental em que o paciente alterna estados de euforia e depressão, além de fases de "normalidade" intercaladas. A causa exata é desconhecida, mas os cientistas acreditam que esteja ligada à genética - segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, 50% dos portadores da doença apresentam pelo menos um familiar afetado. Há dois tipos de transtorno bipolar: o I, que é a doença propriamente dita, e o II, em que os episódios de depressão e hipomania (versão mais leve da mania, como é chamada a fase de euforia) são mais curtos e mais espaçados entre si. O primeiro tipo atinge cerca de 1% da população e fica no 10º lugar entre os transtornos mentais mais comuns (veja tabela abaixo). O segundo tipo atinge cerca de 8% da população. "O tratamento depende da fase e da gravidade e sempre envolve medicamentos, em geral estabilizadores de humor", explica o psiquiatra Eduardo Pondé, professor-adjunto do Instituto de Ciências da Saúde da UFBA. Mas só remédio não basta: é preciso tratamento psicológico para ajudar o paciente a aceitar e controlar a doença. Para os portadores do transtorno bipolar, encontrar o equilíbrio entre as duas pontas das emoções radicais é como tentar andar sobre um terreno movediço. É o pessoal do oito ou