Bioética

Bioética

Na área da saúde não é incomum surgirem dúvidas e questionamentos quanto à conduta dos profissionais em relação ao indivíduo que recebe os cuidados em saúde. A conduta adotada pelos profissionais deve ser avaliada à luz de valores e princípios morais. (Sadala, 1999)
Princípios da Ética Biomédica foi um livro de autoria de Tom Beauchamp e James Childress publicado em 1979 que teve como objetivo principal instrumentalizar as práticas no campo da saúde que envolviam dilemas morais. É a partir de então que surgem quatro princípios éticos como base para uma teoria bioética: autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça. (Diniz, 2002). O caso retratado será avaliado de acordo com estes princípios.
A parturiente Sueli realça o princípio da autonomia, enquanto indivíduo responsável por decidir sobre o seu corpo e tomar as atitudes que lhe pareçam mais favoráveis para si, exercendo sua liberdade e responsabilidade pessoal. O modo como ela resolve de repente se impor revela que não foi considerada na relação profissional/cliente, e os procedimentos que estava sendo realizados, mesmo que visando o bem do binômio materno-fetal, foram invasivos no sentido de não serem dialogados com a parturiente. A partir da responsabilidade sobre si que Sueli requer na sua atitude, pode-se analisar a conduta dos outros personagens do caso.
A plantonista responsável por atender Sueli dá ênfase ao princípio da beneficência, pois demonstra preocupação com o feto ao realizar intervenções que, em tese, otimizariam o parto. A principal intenção da médica é fazer o bem para a mãe e para o feto, assumindo uma postura paternalista que espera de Sueli a obediência e não a responsabilidade. Da mesma forma, a médica mais experiente não tem intenção de fazer o mal para a parturiente, entretanto, retira a autonomia da mulher, e estabelece uma relação assimétrica, colocando o profissional de saúde acima do indivíduo que não dispõe de autoridade para questionar as ações do profissional.