Biologia
Em tempos pós-metafísicos, como os que queremos viver hoje, há espaço para ser adorniano? A pergunta pode parecer estranha aos que acham que Adorno é umcompleto herói da filosofia não-metafísica. Mas os que pensam assim, estãoerrados. Pois Adorno, várias vezes, confiou na existência de um núcleo interiorno ser humano, intocado pela cultura reificante que ele atribuía não só àmodernidade, mas talvez ao mundo desde todos os tempos, quando falava menos sociologicamente e mais no sentido da "dialética do Iluminismo". Um dos textosonde Adorno se comprometeu definitivamente com esse pé na metafísica foi o clássico sobre educação após a barbárie do nazismo. Nos textos educacionais de Adorno, sua dialética negativa perde para uma sombra metafísica. Essa dialética é que o faz zombar do "amor", mas ao mesmo tempo ela não o leva a perceber que ele já havia zombado demais da razão para esperar que ela pudesse, contra toda reificação, estar lá, como em um neoplatonismo, guardadinha no peito das criancinhas, prontas para serem salvas do bicho-papão chamado modernidade-alienação-reificação, por uma educação que viesse a romper com o que ele um dia chamou de pseudo-formação (e jamais semi-formação, como querem os tradutores que mais sabem francês que o alemão). Adorno, nos textos educacionais, acaba fazendo um jogo de palavras em vez de conseguir produzir um novo jogo de linguagem. Adorno, em vez de conseguir formular uma proposta pedagógica, diz que a melhor forma de atuar pedagogicamente é jamais atuar pedagogicamente. É isso uma dialética negativa, como ela aparece em Minima Moralia, ou apenas um jogo de palavras de uma pseudo-dialética? Adorno decai de qualidade em seus textos educacionais. Parece que a pedagogia é um campo ruim, amaldiçoado, que faz até mesmo um dos maiores filósofos do século XX virar um escritor fraco, quando tem de tratar de educação. Nos textos propriamente filosóficos, Adorno consegue manter sua negatividade e, de certo