Biologia canina
CAPÍTULO X
Riquezas do clero
O clero recebia tanto, que é preciso que, durante as três raças, tenham-lhe sido doados várias vezes todos os bens do reino. Mas, se os reis, a nobreza e o povo encontraram um veio de dar-lhe todos os seus bens, não encontraram menos o de retirá-los dele. A piedade fez com que as igrejas fossem fundadas durante a primeira raça, mas o espírito militar fez com que fossem doadas aos guerreiros, que as dividiram entre seus filhos. Quantos bens não saíram das rodas do clero! Os reis da segunda raça abriram as mãos e também fizeram imensas liberalidades. Os normandos chegam, pilham e destroem, perseguem principalmente os padres e os monges, procuram as abadias, observam onde poderão encontrar algum lugar religioso, pois atribuíam aos eclesiásticos a destruição de seus ídolos e todas as violências de Carlos Magno, que os obrigara uns depois dos outros a se refugiarem no Norte. Eram ódios que quarenta ou cinqüenta anos não haviam conseguido fazê-los esquecer. Nesse estado de coisas, quantos bens o clero perdeu! Quase não sobravam eclesiásticos para pedi-los de volta. Assim, sobraram para a piedade da terceira raça bastantes fundações para fazer e bastantes terras para doar: as opiniões difundidas e acreditadas naquela época teriam privado os leigos de todos os seus bens, se eles tivessem sido pessoas muito honestas. Mas, se os eclesiásticos tinham ambição, os leigos também tinham as deles: se o moribundo doava, o sucessor queria tomar de volta. Vemos apenas querelas entre os senhores e os bispos, entre os fidalgos e os abades, e foi preciso que se pressionassem bastante os eclesiásticos, já que foram obrigados a colocar-se sob a proteção de certos senhores, que os protegiam por um tempo e os oprimiam