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Alimentação indígena e sua influência nos dias de hoje

Por Juliana F. Santos, estagiária curricular da USP na Nutrociência

Como quase todo mundo sabe, antes mesmo do Brasil ser descoberto, várias tribos indígenas já habitavam este território que hoje é o nosso país. Cada uma dessas tribos tinha sua própria cultura, seus rituais, tradições, artefatos e características, mas todas elas tinham em comum a descendência de grupos de caçadores-coletores que adentraram o continente americano, vindos da Ásia milhares de anos atrás. Mesmo na época do descobrimento, os índios ainda extraiam da natureza tudo aquilo que usavam (incluindo seus alimentos).
O primeiro relato escrito a respeito dos indígenas que aqui habitavam foi a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, na época do descobrimento. Nesta carta também temos os primeiros registros da alimentação dos índios naquela época. Pouco depois da chegada ao Brasil, Pero Vaz escreve sobre o encontro inicial que teve com os habitantes locais, indicando a pouca familiaridade que eles tinham com animais de criação como carneiros e galinhas e a má aceitação das iguarias portuguesas. Segundo ele, “deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora”.
Em ocasiões posteriores, Pero Vaz também descreveu o uso de sementes da terra e “inhame” (que na realidade era a mandioca) na alimentação dos índios e também fez alusão ao fato dos índios não lavrarem, nem criarem, e de não haver nenhum animal “acostumado ao viver do homem” na região. Com o passar do tempo, outros relatos foram feitos e, da mesma forma que a cultura e a alimentação indígenas foram influenciadas pelos