benjamim e a obra de arte
Danilo L. Brito (UFRJ)
A arte tem sido alvo de discussões de diferentes teóricos ao longo da história, desde os gregos, com sua concepção de verdade e beleza, até teóricos românticos preocupados com a metafísica e, mais recentemente, os que disseram que ela já não era mais possível. Com efeito, uma certeza acerca do conceito de arte é sua indefinição própria: a arte não tem definição, talvez justamente pela enorme profusão de circunstâncias que a determinam, sejam elas históricas, sociais, políticas, geográficas, lingüísticas ou mesmo econômicas. No entanto, a forma como ela foi apreendida e produzida com o passar do tempo tem claras variações, basta pensarmos nas variações estéticas e representativas da pintura, de Caravaggio a Andy Warhol, incluindo Munch: esses três pintores lidam com a produção artística de formas inegavelmente diferentes e foram apreciados por seus contemporâneos, bem como o são pelos nossos, pois suas obras condizem com o contexto histórico do momento em que foram criadas; além disso, sua validade ainda procede, já que figuram entre o chamado “cânone” das obras pictóricas. Não pretendo aqui me aprofundar nessa discussão, mas é importante, de todo modo, ressaltar que essas variações paramétricas acontecem em todo tipo de produção artística, como deixam claro os compêndios de história da literatura ou da música.
Mesmo que as variações sejam foco dos estudiosos da arte até hoje, ficando o conceito em si nas mãos dos filósofos, alguns teóricos modernos preocuparam-se com a veiculação da obra de arte. Os pensadores da chamada Escola de Frankfurt trabalham essa questão de forma definitiva e de grande relevância para pensarmos hoje na produção artística da contemporaneidade, ou mesmo no atual momento histórico. Dentre eles, Theodor Adorno e Max Horkheimer concebem o famoso escrito intitulado Indústria Cultural (1947), no qual denunciam a ausência do status de arte na