Batata
Era um cinema simples, desses de cidade pequena mesmo. Já havia passado duas semanas e o mesmo filme continuava em cartaz, como o cinema tinha apenas uma sala, então a única intenção de visita-lo era para encontros casuais de casais jovens que buscavam privacidade – apesar de não haver nenhuma -, porém ela não tinha essa intenção, seu prósito era algo maior.
Na bilheteria, ela ligava para alguém. Talvez fosse seu pai ou o namorado (ela não iria ao cinema sozinha) quem sabe até mesmo o garoto que morava no fim da rua e tinha uma queda por ela desde a quarta série.
De qualquer forma, ela dizia:
“Sim, estou pronta... Não... Não, espera. Tem certeza que vai da certo? ...Certeza? ...Olha eu deixei tudo encima do painel para se precisar. …Hei! Não venha me dizer isso! Esqueceu que a ideia foi minha? ...Pois então. Tenho que desligar. ...O que? ...Não, ele está vindo, é sério... ...Tchau.”.
Ela errolava os cabelos entre os seus dedos esquerdos, deixando alguns cairem na calçada, este eram levados pelo vento frio. O sol partia lentamente deixando o céu num degradê laranja e azul marinho.
Ele vinha em sua direção e trazia um presente.
Ela sorriu e disse:
“Eu não disse para você que isso não é um encontro?”
Ele sorriu e retribuiu em libras (ele perdera a voz por um problema de corda vocal) algo parecido com:
“Até parece, você está louca por mim mas não quer assumir, trouxe chocolate.” (a linguagem saiu um pouco confusa pelo fato de ele estar ao mesmo tempo segurando o pacote, o que fez ela demorar um pouco para entender).
“Ah obrigado, dependendo da qualidade do chocolate, eu vou avaliar se eu realmente estou a fim de você...” - foi a ultima coisa que as testemunhas ouviram antes dos dois entrarem no cinema.
O paradeiro