basicamente
O antigo Egito era geográfica e culturalmente uma civilização potâmica. Toda sua organização social e cultural se fundamentava na agricultura de regadio, organizada às margens do rio Nilo. O historiador grego Heródoto afirmou: "O Egito é uma dádiva do Nilo".Mas, atualmente, boa parcela dos estudiosos da civilização egípcia procura relativizar o papel da irrigação como justificativa para a existência do Estado faraônico, fortemente centralizado. Isso porque o sistema de irrigação adequava-se a um controle mais regional e até local, e as grandes obras de irrigação, pelo que se tem notícia, só começaram a surgir um milênio após a unificação de país.
Portanto, podemos dizer que, se a existência do Nilo, em uma área desértica, foi fundamental para o surgimento dessa grande civilização, isso, por si só, não explica as características assumidas pela civilização egípcia.
Os habitantes do Egito começaram a se instalar no vale do rio Nilo por volta do período inicial do Neolítico. A agricultura era incipiente. Os egípcios estavam, então, organizados em gens, pequenas comunidades sustentadas por laços de parentesco, que se caracterizavam pela propriedade coletiva do solo, pois o indivíduo só usufruía os bens da terra enquanto membro da comunidade.
As gens não desenvolviam ainda os canais de irrigação, mesmo porque no período Neolítico a agricultura e a pecuária eram possíveis em faixas muito mais extensa; foi no final do período pré-dinástico e no início da unificação que se acentuou fortemente a queda da pluviosidade e a desertificação do norte da África, o que obrigou essas comunidades a desenvolverem rústicos sistemas de irrigação.
A diferenciação entre os membros dessas comunidades não se processou de forma uniforme. Porém, mesmo tendo deixado de ser igualitárias,