Barão do Rio Branco
Nathália Henrich 1
Resumo
O Barão do Rio Branco conquistou um lugar de destaque na historiografia brasileira. Entretanto, seu enorme legado político acabou obscurecendo seu papel como pensador do Brasil, que quase nunca é reconhecido nas análises feitas sobre ele e sua obra. Geralmente, ao eleger apenas uma das
―facetas‖ do Barão como objeto, deixa-se de se considerar a mais importante e que permeia todas as demais: a de pensador do Brasil, como se o Rio Branco ―historiador‖ pudesse ser dissociado do
―diplomata‖, que por sua vez não é senão parte fundamental do ―político‖ e do ―jurista‖. Por trás da sua atuação política, notadamente a elaboração da política externa brasileira, estava uma profunda reflexão sobre o país. Era através de suas ações que ele deixava transparecer qual era sua idéia de
Brasil. Se é certo que não houve uma sistematização de seu pensamento político, há indícios dele em seus escritos que permitem fazer uma reconstituição. Ao contrário de desqualificá-lo como pensador e intérprete do Brasil, esta lacuna apenas força a procura de outras fontes. O objetivo desta comunicação é, portanto, resgatar esta faceta de Rio Branco e apresentar alguns elementos da concepção de Brasil que possuía e que era a base para sua atuação política, a partir da análise de alguns de seus artigos publicados em jornais brasileiros quando era Ministro dos Negócios
Estrangeiros, entre 1902 e 1912.
Introdução
O Barão do Rio Branco ocupa na história do Brasil o espaço reduzido dedicado aos seus grandes heróis. Mais ainda, ocupa a posição talvez única dedicada às unanimidades. Esta aura de infalibilidade, que o elevou à categoria de mito fundacional de diplomacia brasileira e de personagem histórico irrepreensível, começou a ser construída ainda durante sua vida. Os inimigos e opositores, que por certo existiram, não eram suficientemente numerosos, ou poderosos, para borrar a fama internacional construída