Barbérie brasileira- artigo de opinião

Barbárie brasileira

A ação de justiceiros no país levantou debates, discussões e muita confusão recentemente. Há aqueles que acreditam ser louvável agir à margem da lei para punir criminosos. Outros recriminam esta atividade, pois pensam ser este o papel da polícia. Segundo José de Souza Martins, doutor em Sociologia e pesquisador, o Brasil é o país que mais lincha no mundo. Quais são as motivações que impulsionam estes justiceiros? Por que e como eles agem?

O ato de fazer justiça com as próprias mãos é mais antigo do que muitos imaginam. São inúmeros os relatos de linchamento na Antiguidade. A prática de assassinato por uma multidão também ocorria durante Idade Média na Europa e no século XIX na Irlanda e na Rússia. No Brasil, durante o século XIX, o linchamento apresentava uma conotação racial, mas ao longo do tempo, sua motivação foi modificada. Hoje em dia, essas ações violentas ocorrem como resposta à criminalidade.

O grupo tomado por um sentimento de injustiça pode ou não estar ligado de alguma maneira a vítima do criminoso. Ele age por não acreditar na eficiência da polícia, decidindo, assim, cometer um crime para combater outro. Max Weber afirma em “A política como vocação” que “O Estado é uma comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território”. Todavia, a ação de linchadores afronta essa noção Weberiana, uma vez que contesta o poder de ação coercitiva do Estado, que é representado pela polícia.

Talvez o caso do menor que foi despido, agredido e atado a um poste no Aterro do Flamengo no início desse ano tenha sido o que mais levantou opiniões, por conta da disseminação da notícia nas redes sociais. Testemunhas afirmaram que o menino andava com uma gangue e praticava furtos na região. Moradores do local dizem que o índice de criminalidade é alto e, diante disso, um grupo se mobilizou para tentar solucionar esse problema.

Na época que este caso ocorreu, pude ler sobre