Baiana dadá
Dona dos badalados restaurantes Sorriso da Dadá, no Pelourinho, Varal da Dadá, no bairro da Federação, e Tempero da Dadá, na Costa do Sauipe, ela parece até que nasceu rindo. Dadá, sempre com sorriso largo e franco, é dessas baianas que dá gosto de ver. Aldaci dos Santos veio de uma família simples, e, para ajudar a mãe, dona Júlia, logo cedo aprendeu os segredos das comidas do dendê.
Nascida no Conde, vilarejo a 200 km de Salvador, Dadá trabalhou desde criança como empregada doméstica e babá. Aos 20 anos, perdeu de uma tacada seu único irmão, João, que morreu atropelado em Salvador, e a mãe, que teve hemorragia cerebral ao receber a notícia. “Tive que enterrar os dois e fiquei sozinha no mundo”, conta. Com aluguel atrasado e contas para pagar, as vizinhas se reuniram para ajudá-la. Uma delas, Almerinda, propôs que ela mudasse para sua casa e pagasse a estadia fazendo comida. Dadá começou a vender o que sobrava. Foi quando conheceu o pai de sua primeira filha – de quem não revela o nome – e, no segundo mês de namoro, ficou grávida. “Resolvi ter a menina para preencher o vazio de minha vida”, revela. O namorado não quis saber da filha e abandonou as duas. Para piorar, depois do nascimento de Rafaela, hoje com 14 anos, seus patrões a demitiram.
Aos 16 anos, mudou-se para São Paulo para trabalhar, onde conheceu novos temperos e revelou seus dotes culinários. A baiana tomou gosto pela coisa e, a cada dia, inventava um prato diferente. O destino, no entanto, acabou levando Dadá de volta a Salvador. Lá, montou uma sociedade com o filho da patroa. Passou a fazer marmitas e, aos poucos, formou freguesia fixa. O negócio era um sucesso.
Seis meses mais tarde, em 1987, juntou dinheiro suficiente para alugar uma casa ao lado do cemitério do Campo Santo e abrir o restaurante “Tempero da Dadá”. Nessa época ela conheceu Paulo, seu marido por quase dez anos. Da união nasceu sua segunda filha, Daniela, 8 anos, e uma parceria vitoriosa nos negócios.