Bacon e a Biblia

ROSSI,Paolo. “Bacon e a Bíblia” In:______ A ciência e a filosofia dos modernos São Paulo:UNESP,1992
No século XVII, segundo é descrito por Paolo Rossi nesse capitulo de sua obra, vários artistas consideravam o saber como o meio para se chegar ao resgate e à redenção, anulando, assim, as consequências do pecado de Adão e reintegrando o homem. Tal pensamento, presente em Francis Bacon, é sintetizado nas palavras de John Milton “O fim do saber é o de reparar a queda de nossos primeiros progenitores, reconquistando o justo conhecimento de Deus”. Os aspectos presentes na Bíblia constituem um esquema teológico que possui grande importância na cultura. Tal esquema teológico não se refere apenas as características presentes na Idade Média, mas também representa um aparato presente no período considerado (Revolução Cientifica) sendo responsável por traçar caminhos e orientações sobre a vida e os comportamentos. Isto é, assim como representa os problemas que permeavam a época medieval, o esquema teológico também faz referência ao progresso. Francis Bacon, utilizando esse esquema teológico, valoriza o texto bíblico e, através dele, constrói suas teses, ou seja, a presença de referências bíblicas em sua obra não se dá de forma arbitrária. Fica evidente a sua rejeição à cultura grega e à filosofia escolástica, valendo-se para isso de uma condenação moral, de uma acusação de impiedade religiosa e de um conflito entre a Bíblia e a filosofia de Aristóteles. Seu trabalho a respeito do saber foi inserido, por ele próprio, no esquema teológico do pecado, da expiação da redenção. Referente a Aristóteles, Bacon desde cedo sempre demonstrou uma aversão por sua filosofia, pois a considerava pertinente apenas em relação a disputas e controvérsias, porém pouco proveitosa para a vida humana. Inclusive, aproximava a figura aristotélica da do Anticristo, pois assim como este, aquele desprezava as opiniões alheias e valia-se apenas de seus interesses. Bacon propunha, assim, que se