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6352 palavras
26 páginas
CHIMAMANDA NGOZI ADICHIESejamos todos feministas
Tradução
Christina Baum
Introdução
Esta é uma versão modificada de uma palestra que dei em dezembro de 2012 no TEDxEuston, conferência anual com foco na África. Palestrantes de diversas áreas dão palestras concisas que visam desafiar e inspirar africanos e amigos da África. Eu já tinha participado de uma conferência
TED diferente alguns anos antes, com uma palestra chamada “The danger of the single story” [O perigo de uma história só], sobre como estereótipos limitam e formatam nosso pensamento, especialmente quando se trata da África. Tenho a impressão de que a palavra “feminista”, como a própria ideia de feminismo, também é limitada por estereótipos. Quando meu irmão Chuks e meu melhor amigo Ike, os dois coorganizadores da conferência TEDxEuston, me convidaram a participar, não consegui negar. Decidi falar sobre feminismo porque é uma questão que me toca especialmente.
Suspeitei que não seria um assunto muito popular, mas pensei que poderia começar um diálogo necessário. Então, naquela noite em que subi no palco, senti como se estivesse na presença da minha família — uma audiência gentil e atenciosa, mas que poderia ser resistente ao assunto da minha palestra. No fim, a aclamação da plateia, com todos de pé, me deu esperanças.
Okoloma era um dos meus melhores amigos de infância. Morávamos na mesma rua e ele cuidava de mim como um irmão mais velho: quando eu gostava de um garoto, pedia a opinião dele.
Engraçado e inteligente, usava uma bota de caubói de bico pontudo. Em dezembro de 2005, ele morreu num acidente de avião, no sudoeste da Nigéria. Até hoje não sei expressar o que senti. Era uma pessoa com quem eu podia discutir, rir e ter conversas sinceras. E também foi o primeiro a me chamar de feminista.
Eu tinha catorze anos. Um dia, na casa dele, discutíamos — metralhávamos opiniões imaturas sobre livros que havíamos lido. Não lembro exatamente o teor da conversa. Mas eu estava no meio de uma argumentação