Ação Antrópica no mangue
Apesar de a pesquisa ainda estar no início, já foram identificadas duas situações de anormalidade em Cananéia e Iguape
Uma pesquisa que está sendo conduzida no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com base em imagens de satélite, vem dando indícios de que a ação do homem está ameaçando bosques de mangue do litoral sul do Estado de São Paulo.
Há dez anos acompanhando o assunto, a bióloga Marília Cunha Lignon desenvolve seu trabalho de pós-doutorado, financiada pela Fapesp, sob supervisão do pesquisador Milton Kampel, chefe do Divisão de Sensoriamento Remoto do INPE. Através da análise e da comparação de imagens dos satélites CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) e Landsat-5, os pesquisadores acompanham a evolução dos manguezais no litoral.
"Estudar a variação espaço-temporal dos bosques de mangue pode nos ajudar a entender melhor o comportamento desse ecossistema e, assim, propor medidas para conservá-los. Para esta pesquisa, o INPE tem nos fornecido muito material e informação, desde imagens de satélites a dados sobre raios, que podem influenciar na dinâmica dos manguezais", diz Marília.
Apesar de a pesquisa ainda estar no início, já foram identificadas duas situações de anormalidade nos bosques de mangues de Cananéia e Iguape, litoral sul paulista. As imagens de satélites, as fotos aéreas e os trabalhos de campo permitiram a identificação de clareiras em bosques de mangues, que podem representar destruição da vegetação provocada pela ação do homem ou da própria natureza.
Enquanto nos manguezais de Cananéia esse processo aparenta ser natural, nos manguezais de Iguape a formação de clareiras se deve à ação humana. Os pesquisadores alertam para a diminuição da área desse ecossistema, o que pode prejudicar comunidades da região e, inclusive, o fornecimento de pescado para cidades maiores, como São Paulo.
"O sensoriamento remoto realizado pelo INPE já contribuiu